Juvenal Bucuane, Aurélio Furdela, Dionísio Bahule (moderação) e José dos Remédios |
Em mais uma sessão de mesa literária, Dionísio Bahule,
moderou um debate sob o tema: "A influência do contexto na produção
literária". Bahule, convidou a uma "sentada ao Sol da
literatura" os escritores Juvenal Bucuane e Aurélio Furdela e o jornalista
e crítico literário, José dos Remédios.
O escritor Juvenal Bucuane falou da necessidade de se
navegar para o campo teórico da literatura, apesar de reconhecer que, ele é um
exemplo claro de um escritor que não navega para a teoria da literatura. O
escritor disse ainda que, cada circunstância tem influência naquilo que é a
produção literária de cada literata. Para sustentar a sua argumentação, Juvenal
Bucuane, deu exemplo da poesia feita nos primeiros anos que seguiram a independência.
Para o escritor, aquela era "uma poesia de circunstância". "A circunstância
tem influência na produção literária, mas tem que se olhar para a qualidade...
Quando surge a AEMO (Associação de Escritores Moçambicanos), entendeu que (o
contexto) devia mudar", salientou Juvenal Bucuane.
Para finalizar, o escritor que recentemente lançou a obra
"O Fundo Pardo das Coisas", motivou os literatos mais jovens a
cultivar o escritor que lhes reside. "Não desistam e conturbem o
obstáculo. Eu persisti, fui a testa contra os obstáculos", disse Juvenal
Bucuane.
Quem não ficou para trás no grande debate, foi o escritor
Aurélio Furdela. Para este, o escritor não pode ficar distante de tudo o que
lhe rodeia e do momento em que vive. Segundo Furdela, muitas vezes, o escritor
sente-se pressionado pelas elites políticas. No entanto, este é um
"contexto que legitima o escritor".
O autor de obras “As hienas também sorriem", deixou claro
que, a escrita literária difere de acordo com o seu contexto. "A escrita
não é igual entre o antes e o depois. O contexto da criação literária vai
mudando", salienta Furdela.
Por seu turno, o jornalista cultural da Soico Televisão
(Stv) e do jornal "O País", e crítico literário, José dos Remédios,
aproveitou a ocasião para curar as mentes do público atento aos seus
argumentos. Segundo dos Remédios, a literatura moçambicana é muito antiga.
"A literatura moçambicana começa antes de ser Moçambique. Moçambique não
termina no Zumbo e nem na fronteira com a África do Sul".
José dos Remédios deu ainda, uma pequena aula de história
literária. Segundo dos Remédios, o que o Ocidente poderá ter trazido é a
escrita, mas não se pode ignorar a tradição literária oral de África.
O jornalista e crítico literário, José dos Remédios,
explicou que a identidade moçambicana não está apenas nas raízes e que, "a
necessidade de fazer diferente contribuiu para o aparecimento de elementos estéticos".
Daqui, justifica José dos Remédios que, nasce a qualidade literária
moçambicana. "O grande fantasma da geração Charrua trouxe ao grupo qualidade literária... O acto de produção
literária é individual", disse dos Remédios.
Segundo este crítico, a realidade forma o escritor. Cada
escriba é resultado do meio e do momento que vive. "As histórias que
vivemos. Os livros que lemos... Influenciam na pessoa que quer ser bom
escritor... A poesia de combate é qualquer coisa poesia de propaganda, de
legitimação de um regime... O contexto vai contribuir para a produção
literária... Um autor não pode fugir da sua realidade..." salientou o
jornalista e crítico literário, José dos Remédios.
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