Escritor Carlos dos Santos defende obrigatoriedade da leitura nas crianças |
Literatura
e Educação Infantil em Moçambique foi o tema apresentado pelo escritor e pedagogo Carlos dos Santos numa
conversa de pouco mais de 30 minutos no espaço do Festival Literatas.
Numa altura em que diversos intervenientes da sociedade
civil clamam pela falta de leitura, dos Santos confirma ao declarar que a juventude
está a padecer de uma doença grave: o não gosto pela leitura.
No meio da conversa o escritor desperta-nos para uma série
de questionamentos: Ler é importante, mas para quê? E justifica “se passamos de
classe sem ler, entramos para a faculdade sem ler e ainda conseguimos emprego
sem ter lido.”
Os pais, encarregados de educação e professores que tanto
clamam que os jovens não lêem, será que eles o fazem? Para dos Santos, “a
leitura devia ser proclamada como um dever obrigatório.”
O que acontece é que até as escolas que deviam ser uma
das forças motoras da promoção da leitura pecam em alguns aspectos. E exemplifica:
uma, duas ou mais caixas de livros são oferecidas a uma determinada biblioteca
e faz-se questão de que sejam convidados vários meios de comunicação para
publicar o evento, e um mês depois, quando se visita a mesma, os livros se mantêm
intactos, sem nenhuma impressão digital.
Sem fugir do assunto, Carlos dos Santos recorre a uma
frase de um outro escritor: “Pássaros criados em gaiolas acham que voar é uma
doença”. Tudo isto para dizer que se não fizermos algo para que as crianças
gostem de ler, daqui há algum tempo, vai se pensar que quem sabe e gosta de ler
está doente.
Como mandam as regras, os debates não são apenas para
discussões mas sim para uma finalidade maior, a busca de soluções. Dos Santos
defende que devia existir um plano nacional de leitura, onde devia ser
obrigatório que desde 1ª classe os alunos tivessem que ler um livro, na 2ª classe
dois, na 3ª classe três e assim sucessivamente. Ao fim do ensino médio teriam
já lido cerca de 58 livros e quer queiramos quer não, maior parte já estaria
algemada às palavras e teria contraído o gosto pela leitura. Mas não tem que
ser qualquer livro, livros com características específicas para cada faixa
etária.
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