terça-feira, 27 de outubro de 2015

Carlos dos Santos: “Obrigar a ler é preciso”

Escritor Carlos dos Santos defende obrigatoriedade da leitura nas crianças

Literatura e Educação Infantil em Moçambique foi o tema apresentado pelo escritor e pedagogo Carlos dos Santos numa conversa de pouco mais de 30 minutos no espaço do Festival Literatas.

Numa altura em que diversos intervenientes da sociedade civil clamam pela falta de leitura, dos Santos confirma ao declarar que a juventude está a padecer de uma doença grave: o não gosto pela leitura.

No meio da conversa o escritor desperta-nos para uma série de questionamentos: Ler é importante, mas para quê? E justifica “se passamos de classe sem ler, entramos para a faculdade sem ler e ainda conseguimos emprego sem ter lido.”

Os pais, encarregados de educação e professores que tanto clamam que os jovens não lêem, será que eles o fazem? Para dos Santos, “a leitura devia ser proclamada como um dever obrigatório.”

O que acontece é que até as escolas que deviam ser uma das forças motoras da promoção da leitura pecam em alguns aspectos. E exemplifica: uma, duas ou mais caixas de livros são oferecidas a uma determinada biblioteca e faz-se questão de que sejam convidados vários meios de comunicação para publicar o evento, e um mês depois, quando se visita a mesma, os livros se mantêm intactos, sem nenhuma impressão digital.

Sem fugir do assunto, Carlos dos Santos recorre a uma frase de um outro escritor: “Pássaros criados em gaiolas acham que voar é uma doença”. Tudo isto para dizer que se não fizermos algo para que as crianças gostem de ler, daqui há algum tempo, vai se pensar que quem sabe e gosta de ler está doente.

Como mandam as regras, os debates não são apenas para discussões mas sim para uma finalidade maior, a busca de soluções. Dos Santos defende que devia existir um plano nacional de leitura, onde devia ser obrigatório que desde 1ª classe os alunos tivessem que ler um livro, na 2ª classe dois, na 3ª classe três e assim sucessivamente. Ao fim do ensino médio teriam já lido cerca de 58 livros e quer queiramos quer não, maior parte já estaria algemada às palavras e teria contraído o gosto pela leitura. Mas não tem que ser qualquer livro, livros com características específicas para cada faixa etária.

Ao contrário do que muitos pensam, a escola não deve ser vista como única entidade com papel educativo pois, ocupa apenas 25% do tempo dos educandos, a família e as pessoas em volta tem um papel fundamental em moldar desde a infância e de incutir o gosto pela leitura, concluiu.

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