terça-feira, 27 de outubro de 2015

Melita Matsinhe dá o toque final ao Literatas


Depois de dois dias consecutivos marcados por manifestações artísticas de diversa ordem desde conversas literárias, exposições, artesanato, sessões de pintura, teatro, feira de livros, dança e música, coube a cantora moçambicana Melita Matsinhe dar o toque final do festival Literatas 2015.

Poesia misturada com música foi o prato servido pela cantora que fez questão de brindar ao público também, com alguns passos de dança. Digamos que foi uma espécie de consumação cultural.

Para quem achava que a literatura está só em livros, Melita Matsinhe nos desafia a pensar diferente, não sei se poesiando a música ou musicando a poesia.

Os seus temas remetiam-nos sempre ao pensamento de identidade, fazendo o convite para a viagem em temas como “Sonha” que foi um dos marcos da sua actuação.

Foi desta forma que terminou o primeiro festival literário realizado na Matola, no Posto Administrativo da Machava Sede, LITERATAS 2015

Nunca antes houve tanto culturismo num só lugar, um casamento de artes sob a sombra de Samora Machel que deixou ficar a frase: Cultura, o sol que nunca desce. Que assim seja, e a literatura agradece.

Fotos por: Hamilton Chambela

Influência do contexto na produção literária

Juvenal Bucuane, Aurélio Furdela, Dionísio Bahule (moderação) e José dos Remédios

Em mais uma sessão de mesa literária, Dionísio Bahule, moderou um debate sob o tema: "A influência do contexto na produção literária". Bahule, convidou a uma "sentada ao Sol da literatura" os escritores Juvenal Bucuane e Aurélio Furdela e o jornalista e crítico literário, José dos Remédios.

O escritor Juvenal Bucuane falou da necessidade de se navegar para o campo teórico da literatura, apesar de reconhecer que, ele é um exemplo claro de um escritor que não navega para a teoria da literatura. O escritor disse ainda que, cada circunstância tem influência naquilo que é a produção literária de cada literata. Para sustentar a sua argumentação, Juvenal Bucuane, deu exemplo da poesia feita nos primeiros anos que seguiram a independência. Para o escritor, aquela era "uma poesia de circunstância". "A circunstância tem influência na produção literária, mas tem que se olhar para a qualidade... Quando surge a AEMO (Associação de Escritores Moçambicanos), entendeu que (o contexto) devia mudar", salientou Juvenal Bucuane.

Para finalizar, o escritor que recentemente lançou a obra "O Fundo Pardo das Coisas", motivou os literatos mais jovens a cultivar o escritor que lhes reside. "Não desistam e conturbem o obstáculo. Eu persisti, fui a testa contra os obstáculos", disse Juvenal Bucuane.

Quem não ficou para trás no grande debate, foi o escritor Aurélio Furdela. Para este, o escritor não pode ficar distante de tudo o que lhe rodeia e do momento em que vive. Segundo Furdela, muitas vezes, o escritor sente-se pressionado pelas elites políticas. No entanto, este é um "contexto que legitima o escritor".

O autor de obras “As hienas também sorriem", deixou claro que, a escrita literária difere de acordo com o seu contexto. "A escrita não é igual entre o antes e o depois. O contexto da criação literária vai mudando", salienta Furdela.

Por seu turno, o jornalista cultural da Soico Televisão (Stv) e do jornal "O País", e crítico literário, José dos Remédios, aproveitou a ocasião para curar as mentes do público atento aos seus argumentos. Segundo dos Remédios, a literatura moçambicana é muito antiga. "A literatura moçambicana começa antes de ser Moçambique. Moçambique não termina no Zumbo e nem na fronteira com a África do Sul".

José dos Remédios deu ainda, uma pequena aula de história literária. Segundo dos Remédios, o que o Ocidente poderá ter trazido é a escrita, mas não se pode ignorar a tradição literária oral de África.
O jornalista e crítico literário, José dos Remédios, explicou que a identidade moçambicana não está apenas nas raízes e que, "a necessidade de fazer diferente contribuiu para o aparecimento de elementos estéticos". Daqui, justifica José dos Remédios que, nasce a qualidade literária moçambicana. "O grande fantasma da geração Charrua trouxe ao grupo qualidade literária... O acto de produção literária é individual", disse dos Remédios.


Segundo este crítico, a realidade forma o escritor. Cada escriba é resultado do meio e do momento que vive. "As histórias que vivemos. Os livros que lemos... Influenciam na pessoa que quer ser bom escritor... A poesia de combate é qualquer coisa poesia de propaganda, de legitimação de um regime... O contexto vai contribuir para a produção literária... Um autor não pode fugir da sua realidade..." salientou o jornalista e crítico literário, José dos Remédios.

Carlos dos Santos: “Obrigar a ler é preciso”

Escritor Carlos dos Santos defende obrigatoriedade da leitura nas crianças

Literatura e Educação Infantil em Moçambique foi o tema apresentado pelo escritor e pedagogo Carlos dos Santos numa conversa de pouco mais de 30 minutos no espaço do Festival Literatas.

Numa altura em que diversos intervenientes da sociedade civil clamam pela falta de leitura, dos Santos confirma ao declarar que a juventude está a padecer de uma doença grave: o não gosto pela leitura.

No meio da conversa o escritor desperta-nos para uma série de questionamentos: Ler é importante, mas para quê? E justifica “se passamos de classe sem ler, entramos para a faculdade sem ler e ainda conseguimos emprego sem ter lido.”

Os pais, encarregados de educação e professores que tanto clamam que os jovens não lêem, será que eles o fazem? Para dos Santos, “a leitura devia ser proclamada como um dever obrigatório.”

O que acontece é que até as escolas que deviam ser uma das forças motoras da promoção da leitura pecam em alguns aspectos. E exemplifica: uma, duas ou mais caixas de livros são oferecidas a uma determinada biblioteca e faz-se questão de que sejam convidados vários meios de comunicação para publicar o evento, e um mês depois, quando se visita a mesma, os livros se mantêm intactos, sem nenhuma impressão digital.

Sem fugir do assunto, Carlos dos Santos recorre a uma frase de um outro escritor: “Pássaros criados em gaiolas acham que voar é uma doença”. Tudo isto para dizer que se não fizermos algo para que as crianças gostem de ler, daqui há algum tempo, vai se pensar que quem sabe e gosta de ler está doente.

Como mandam as regras, os debates não são apenas para discussões mas sim para uma finalidade maior, a busca de soluções. Dos Santos defende que devia existir um plano nacional de leitura, onde devia ser obrigatório que desde 1ª classe os alunos tivessem que ler um livro, na 2ª classe dois, na 3ª classe três e assim sucessivamente. Ao fim do ensino médio teriam já lido cerca de 58 livros e quer queiramos quer não, maior parte já estaria algemada às palavras e teria contraído o gosto pela leitura. Mas não tem que ser qualquer livro, livros com características específicas para cada faixa etária.

Ao contrário do que muitos pensam, a escola não deve ser vista como única entidade com papel educativo pois, ocupa apenas 25% do tempo dos educandos, a família e as pessoas em volta tem um papel fundamental em moldar desde a infância e de incutir o gosto pela leitura, concluiu.

Literatura e Filosofia com Severino Ngoenha

Severino Ngoenha em debate ao lado do moderador Nelson Lineu

Para Severino Ngoenha, filósofo e reitor da Universidade Técnica de Moçambique (UDM), o escritor deve traduzir nas suas obras o sofrimento do povo, mas ao mesmo tempo transmitir esperança. “ Não existe escrita, nem literatura, sem sonho”, defende o mais afirmado filósofo moçambicano.

Ngoenha defendeu em mesa literária de domingo dia 25, no Festival Literatas que, a literatura moçambicana ainda está a ser construída. E chama aos escritores emergentes a tomar parte dessa construção. A nova safra de escritores deverá regar a semente lançada pelos pioneiros da literatura moçambicana.

Numa altura em que se assiste o conflito de gerações em várias artes, incluindo a literatura, o filósofo acredita que esse factor poderá forjar uma produção literária sólida e disse “se não tivéssemos conflitos, teríamos uma produção literária homogénea”.

O filósofo falava no debate que abriu o último dia do Festival LITERATAS com o tema “Literatura no universo de outros saberes”. Foi um casamento perfeito entre a filosofia e a literatura. Mas a história reza que, este relacionamento nem sempre foi pacífico. Outrora, a literatura e a filosofia ocupavam espaços antagónicos, conforme deu a conhecer o professor, quando falava dos momentos deste relacionamento.
No momento grego, o primeiro numa linhagem cinco, (dois dos quais acrescentados pelo próprio filósofo, sendo o africano e o moçambicano) a filosofia e a literatura ocupam espaços antagónicos. A filosofia para existir deve matar a filosofia.

O momento alemão reaproxima a filosofia da literatura. Mas ainda assim, as duas áreas não se equipararam, pois distingue-se dois níveis de saber, em que a filosofia é superior, e a literatura inferior.

No momento francês, assiste-se uma reaproximação. Tal reaproximação apenas é efectivada no momento africano. O momento africano começa na diáspora, nos Estados Unidos da América, na América do Sul, com o chamado renascimento negro. Em que assiste-se uma afloração da literatura feita por africanos, disse ainda Ngoenha.

Severino Ngoenha defende que existe o momento filosófico africano e o moçambicano. E se questiona no entanto, “e o momento moçambicano? É um já, e ainda não”. O filósofo interpreta esse impasse pela necessidade de se produzir em cada vez mais acompanhando a qualidade e a quantidade.


Daí que o filósofo entende que esse caminho deverá ser trilhado pelos jovens, sem a ausência dos mais velhos que servirão de suporte para que se chegue ao destino desejado que é o de efectivação de uma literatura e filosofias sólidas. Para isso, acrescentou, é preciso que a escrita desses jovens ganhe causas e que seja engajada, transmitindo ao povo uma esperança, numa escala que já foi iniciada por Noémia de Sousa no poema “Deixe o meu povo passar”.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Xitiku Ni Mbaula encerra primeiro dia do LITERATAS

Num casamento perfeito de versos entrosados na língua ronga, o agrupamento Xitiku ni Mbaula proporcionou momentos eufóricos ao auditório que se fez presente no Literatas, marcando desta forma o encerramento deste que foi o primeiro dia do Festival.
Os embaixadores do Hip Hop em Changana apresentaram diversos temas que foram acompanhados pelo público que fez questão de cantar cada uma de suas músicas.
Crianças, jovens e até adultos se deixaram levar pelos versos líricos cantados em ronga. A crítica social é referência obrigatória quando se trata do agrupamento Xitiku Ni Mbaula.
O agrupamento que sobrevive há mais de 20 anos junta dois elementos que cresceram juntos algures no Bairro Patrice Lumumba, nomeadamente Leonildo Banze e Sérgio Mabjaia.
Para estes jovens a língua é uma forma de preservar as suas origens e de poder interagir com todas as camadas sociais, principalmente aos mais desfavorecidos que são discriminados por não saberem ler ou escrever. Xitiku Ni Mbaula vê nesta camada social uma escola que tem a capacidade de ouvir e ensinar a quem quer que seja.

Por fim, jovens das redondezas, inspirados pela estimulante actuação dos rappers, tiveram a oportunidade de actuar apresentando os famosos freestyles. Os músicos vêem no festival uma oportunidade de alastrar as mensagens de suas músicas, e ter cada vez mais jovens entretidos com as artes e a cultura.

Fátima Langa expõe no LITERATAS


Autora de várias obras infantis, Fátima Langa expõe no primeiro Festival Literário da Matola - LITERATAS 2015, decorrendo no Posto Administrativo da Machava.
  
A avozinha – como também é conhecida Fátima Langa, nas suas obras tem-se preocupado em imortalizar o “karingana wa karingana”, que os nossos ancestrais não escreveram pela falta de domínio da escrita, mas que transmitem uma lição de moral forte. E nos seus mais recentes livros, nomeadamente, “ O Galo e o Coelho” e “ Ndinema vai à Escola” – expostos no espaço do Festival, o objectivo não descora dos seus ideais.

Ela escreve não apenas em língua portuguesa. Já trilhou em Português / Emakhuwa, Português/Xichope, e Português/ Shimakonde, pois tem a consciência da imperiosa necessidade da prática do bilingue. “Conclui-se que, as crianças assimilam melhor o ensino nas suas línguas maternas”, disse a escritora, que deseja ver as suas obras traduzidas em todas línguas nacionais. Importa salientar que, já transcreveu e publicou uma das suas obras em braille 

A autora da “Jibóia no Congelador” conta que, está muito satisfeita pelo Festival Literário, pois já era a altura do solo moçambicano acolher um evento dessa natureza. “Moçambique cresceu muito no campo da literatura, e esse é um passo muito grande para a nossa literatura”, disse.

Fátima Langa acredita que, o intercâmbio entre escritores moçambicanos e internacionais vai fazer do festival um espaço importante de troca de experiências. Para a autora de “ O rapaz e a Raposa”, eventos como o LITERATAS expandem o horizonte dos participantes.

Esta é uma oportunidade de fazer com que alguns escritores no anonimato emirjam. “Existem muitos jovens que escrevem e encaram muitas barreiras, uma delas é o da publicação das suas obras. Se esses jovens aderirem ao festival, será uma forma de descobrirem muitas oportunidades com os mais velhos na área e, poderão dar um grande passo”, disse Fátima Langa.

O evento veio mostrar que Moçambique tem muito a oferecer ao mundo, um exemplo de que a literatura moçambicana vive. “É uma oportunidade para valorizarem os escritores moçambicanos, e quiçá abrir mais portas de festivais literários internacionalmente para escritores moçambicanos” espera Fátima Langa.

Fátima sente que, faltam mulheres no meandro literário moçambicano. E encoraja as suas congéneres a escrever. “A mulher tem muito para escrever” não dúvida a escritora. Esta acredita também que, eventos como o LITERATAS poderiam ajudar para a emergência de escritoras.

Ao longo da sua carreira já teve a oportunidade de participar em algumas feiras e festivais a nível internacional, como 13ª exposição internacional do livro infanto-juvenil, no Rio de Janeiro - Brasil, Festival cultural em Havana - Cuba e crê que, Moçambique tem capacidade de fazer um evento a altura dos internacionais e o LITERATAS e um exemplo disso.

A escritora apela aos pais, encarregados de educação, crianças, e a sociedade no geral a participarem do Festival Literário – LITERATAS 2015.



‘‘A Literatura é para romper os silêncios dos bairros da periferia’’


Na sua comunicação, o escritor, jornalista e professor de literatura, Calane da Silva contou que, faz parte de uma geração onde a liberdade de expressão era ofuscada. No entanto, esta mesma geração é tida como uma geração de inconformados. E esse inconformismo faz com que nasça uma geração que sempre dominou o cenário literário moçambicano, durante os tempos que sucederam o colonialismo. “Começa um activismo muito grande. Constitui-se a AEMO (Associação de Escritores Moçambicanos) ”. 
Sobre a literatura moçambicana, Calane da Silva explicou à plateia presente no Festival, que ela é uma herança colonial tanzaniana, doutrinária e cosmopolita. Neste cenário, desenha-se uma história literária com muita influência da América do Sul, particularmente do Brasil. “A literatura brasileira foi um abrir de olhos para os moçambicanos.” Para Calane, “os brasileiros ensinaram não somente a cantar a nossa realidade, mas também, a escrever.”
O escritor, falou da necessidade de se registar os diversos eventos que acontecem no País. “A memória” deve “registar”. “É preciso registar os festivais”. De forma a motivar as pessoas. Na mesma senda, ele  exorta a um consumo exacerbado da cultura.

E para finalizar, Calane da Silva, impulsionador do Movimento literário Kuphaluxa, parabeniza os organizadores do Festival Literatas e incentiva-os a criar mais eventos de género noutras cidades. Esse tipo de Festival irá, segundo o orador, “animar o País” e chamar atenção das “Editoras”.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A CAMINHO DO LITERATAS: COM JORGE DE OLIVEIRA



“Num festival onde se discutem ideias o país é que sempre sai a ganhar”

Jorge de Oliveira estará na mesa literária, sábado, dia 24, juntamente com os escritores Carlos Paradona, Rosália Diogo e Matiangola. Adquira no Literatas também o livro “Pneu em Chamas” do autor a preço simbólico com direito a autógrafo.

Jorge de Oliveira disse que num festival onde pensadores e intelectuais se juntam para discutirem temas e ideias ligados à literatura e a cultura no geral, o país sai sempre a ganhar e de várias formas, “são ganhos que não se medem aos palmos” afirmou.
O autor dos romances “Pneu em Chamas”, “Dias rasgados ao meio”, “Chapas desordenadas” e “O desgosto da flor”, dos quais só o primeiro foi já publicado e estará à venda durante o Festival, Jorge de Oliveira vai falar no dia 24, sábado do tema “Para que serve a literatura”.

É um tema simples, “é assim que as coisas ou assuntos criam mais impacto e no fim é possível fazer uma avaliação para percebermos se a mensagem chegou como desejávamos” disse o escritor que já participou de dois festivais internacionais em Cuba e segundo disse, foram uma boa experiência boa.
Para Jorge, o público deve esperar uma discussão, debate e conversa onde os painelistas e o público que vai colocar questões e ideias, saia com algum aprendizado.

“O público deve esperar no fim, aprender algo como nós vamos aprender. Se você participa de uma mesa redonda e no fim as pessoas não aprendem nada, então não vale apena ter participado” adiantou o Presidente do Júri do Prémio BCI de Literatura.

Para fechar, Jorge encorajou e felicitou o Movimento Literário Kuphaluxa pela iniciativa e espera que o público adira em massa ao festival Literatas.

O Literatas vai acontecer durante os dias 23, 24 e 25 do corrente mês no Posto Administrativo da Machava. Conta com vários convidados, dentre escritores, poetas, músicos, filósofos, actores, pintores, entre outros.




A CAMINHO DO LITERATAS: Entrevista com Madu Costa



Vem ter o livro EMBOLANDO PALAVRAS de Madu Costa ao preço especial de 300 meticais 

com direito a autógrafo, no domingo, dia 25 de Outubro, pelas 09h30 no espaço do Festival 

Literatas (sede do Posto Administrativo da Machava, município da Matola.

A escritora brasileira Madu Costa, bastante conhecida pela sua forma descontraída 

e animada de contar histórias, vai abrilhantar o espaço de Literatura Infantil do 

Festival Literatas. A escritora vai aproveitar a sua participação no Festival 

Literatas para lançar o seu mais recente livro, intitulado Embolando Palavras.

Madu escreve literatura infantil, juvenil e cordel que é um género de poemas de 

origem europeia. Escreve no Brasil para uma coluna de um jornal local que se 

chama “guardados de memória” que se assemelha ao lema do 1º Festival de 

Literatura em Moçambique que é “Memórias, um Museu Contemporâneo”.

A escritora está em Moçambique já pela segunda vez e se sente como se estivesse 

em casa. “Entrei aqui e já me sinto em casa. Eu vou lançar no festival o meu mais 

recente livro que foi lançado há pouco tempo no Brasil que se chama Embolando 

Palavras e vou contar algumas histórias no bar dos poetas. Também está prevista 

uma palestra numa escola pública sobre a minha trajectória como escritora. Vou 

aproveitar o festival para beber o máximo que eu puder da experiência dos outros 

participantes”.

A escritora tem mais de 40 anos de carreira e o seu primeiro livro foi publicado no 

ano 2000 com o título “A janta da Anta” e é uma reflexão sobre os animais em 

extinção no Brasil.

Para além de escritora é pedagoga, contadora de histórias e cantora. Da sua obra 

contam-se “Meninas Negras”, “A Janta da Anta”,“Embolando Palavras”, “Koumba 

e o Tambor Diambê”, “Cardaços desamarrados”, “Zumbi dos Palmares”, ‘Caixa de 

surpresa”, “Lapis de cor”, obras chanceladas pelas editoras “Mazza” e “Nandyala”.

A escritora está no momento a preparar o lançamento de mais um livro que ela 

considera como sendo o seu primeiro filho de Moçambique, uma obra infantil que 

será lançada no mês que vem pela Alcance Editores em Maputo.

A CAMINHO DO LITERATAS: Entrevista com Rosália Diogo



Rosália Diogo estará em sessão de autógrafos com três livros de cadernos de ciências sociais em 

co-autoria com o sociólogo moçambicano Carlos Serra, no sábado à partir das 10h00 no espaço 

do Festival Literatas (sede do Posto Administrativo da Machava, município da Matola). 

Já é a quarta vez que a escritora brasileira Rosália Diogo escala a nossa pérola do 

Índico, desta vez, exclusivamente para participar do Festival de Literatas e conta 

na primeira pessoa o seu sentimento por fazer parte desta experiência.

“Recebi o convite com muita alegria e estar aqui é uma forma de fortalecer o meu 

sentimento de pertença, recebi o convite de forma muito alegre e é uma forma de 

eu abraçar Moçambique”. 

A escritora é formada em jornalismo e vai apresentar no festival temas de crítica 

social sobre a literatura neutra, racismo e machismo.

“No festival vou falar um pouco sobre o sentido da literatura, o que é a literatura e 

a sua importância. E também vou apresentar três obras publicadas em que eu sou 

co-autora com o professor da UEM e sociólogo Carlos Serra, uma colecção que se 

chama Caderno de Ciências Sociais, e eu tive a honra e a alegria de contribuir com 

três edições: a primeira sobre Racismo, a segunda com o título ‘Literatura Neutra 

ou Engajada’ e o último trabalho que eu tenho participação que se chama: ‘O que é 

feminismo’”.

Todas estas questões e mais algumas serão abordadas pela escritora brasileira no 

festival exclusivamente no espaço “Bar dos Poetas”.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

CALANE DA SILVA VAI ABRIR LITERATAS 2015: “quem não lê, um país que não lê é um país doente”

Calane da Silva irá proceder a conferência de abertura do LITERAAS 2015, esta sexta-feira, às 13 horas, na sede do Posto Administrativo da Machava, município da Matola.

O conceituado escritor moçambicano Calane da Silva já garantiu a sua presença para o Festival Literatas. Ele que publicou recentemente a obra “Antropologia Espiritual – Há mais vida para além desta vida” irá aproveitar a ocasião para debruçar sobre as diversas facetas da literatura moçambicana e também sobre a vida.
“Todos festivais literários ou outro qualquer festival de cultura são fundamentais para o desenvolvimento do país. O festival que vai ser organizado na Machava, organizado pelos jovens do Kuphaluxa é para mim extremamente gratificante porque vai permitir um convívio entre os jovens, e eu vou participar e vou falar evidentemente daquilo que é para mim uma mais-valia daquilo que eu estudei e daquilo que foi a minha experiência. Todavia o importante é que os jovens confraternizem e busquem neles próprios e nos que os rodeiam algo que seja diferente, algo que faça a mobilização das pessoas para a leitura. E eu digo que quem não lê, um país que não lê é um país doente. É necessário que nós nos comuniquemos cada vez mais através da cultura, ela dá -nos a capacidade de análises cada vez mais profundas, dá a aquisição de vocabulário, dá a possibilidade de nós conhecermos o mundo e as várias culturas do mundo. Portanto este festival é uma revolução muito boa que merece todo respeito e é por isso que vou lá participar”.
Para Calane, o festival não será apenas de literatura mas sim uma miscelânea de artes em prol do desenvolvimento da vida cultural do país.
“Já participei em vários festivais, tantos e tantos, não só participei como também organizei. Neste país depois da independência organizamos vários festivais de música, de dança, de instrumentos tradicionais, fizemos grandes saraus culturais, festivais de teatro e é preciso continuar com essa perspectiva e, devemos crescer em conhecimento e crescer também em desenvolvimento cultural”.

Quando fala-se de festival de literatura vai abranger tudo, porque vão aparecer pessoas ligadas as áreas plásticas, musica, dança. É um festival só de literatura aparentemente mas é muito mais do que isso porque a literatura é uma espécie de múltiplos braços que abraçam todas outras culturas e nelas são depositadas muitas realidades da vida cultural do país.

A CAMINHO DO LITERATAS: CARLOS PARADONA ROFINO ROQUE | BIOGRAFIA





CARLOS PARADONA ROFINO ROQUE



Carlos Paradona Rufino Roque, nascido em Inhaminga, concluiu a 4ª classe na Escola Primária Oficial do Dondo, em 1973. Posteriormente, frequentou os então Ciclo Preparatório Dr. Baltazar Rebelo de Sousa e o Liceu Pêro de Anaia, na Cidade da Beira, e foi estudante moçambicano na República de Cuba.
Em 1980 publica os seus primeiros poemas na página Diálogo do extinto jornal Notícias da Beira. Colaborou ainda com poesia, contos e ensaios nas páginas Diálogo, do Diário de Moçambique, Letras e Artes do jornal Domingo, nas revistas Tempo, Charrua, Forja e Eco e também, sob o pseudónimo de Tchipiri, no Jornal Combate, Revista 25 de Setembro e no programa radiofónico Alô, Leões da Floresta, ao longo das décadas de oitenta e de noventa. Em 1992, apresenta a público o seu livro de poemas A Gestação do Luar, em 2009, o romance Tchanaze, a Donzela de Sena, e finalmente, em 2014, o romance Ntsai Tchassassa a Virgem de Missangas.
Carlos Paradona Rufino Roque foi membro do Secretariado da Associação dos Escritores Moçambicanos desde 2002, sendo o seu Secretário-geral Adjunto de 2008 a 2013, e é membro do Corpo de Jurado do Grande Prémio SONANGOL de Literatura.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A CAMINHO DO “LITERATAS” COM JUVENAL BUCUANE


Quando poucos dias faltam para o primeiro Festival de Literário da Matola, Literatas 2015, a ser realizado no Posto Administrativo da Machava, a nossa equipa conversou com o escritor Juvenal Bucuane – presença confirmada no evento, para medir o pulsar do autor em relação a festa literária que vai ser de 23 a 25 do corrente mês.

Para o autor de “A Raiz e o Canto” o primeiro coordenador da revista literária destacável no País, “Charrua”, o Literatas é um daqueles eventos raros em Moçambique. E fazer parte do mesmo é uma alegria.

Este é o primeiro festival de literatura em Moçambique. No espaço da estátua do Presidente Samora Machel, na Machava, estará presente uma carga artística moçambicana jamais vista em eventos literários. E ainda, vai contar com escritores estrangeiros, o que torna o Literatas num Festival Internacional.  

O autor de que lançou neste ano a obra poética “O Fundo Pardo das Coisas” acredita que, o Literatas vai catapultar a literatura moçambicana. “A literatura moçambicana é muito esparsa. E esta será uma oportunidade dos leitores privarem com um “exército” de escritores moçambicanos no mesmo espaço. E, igualmente, uma oportunidade para que outros países sintam que, em Moçambique se faz literatura, e passem a respeitar” disse Juvenal Bucuane. E acrescentou, “a partir deste festival podemos ser chamados para festivais internacionais”.

Numa altura em que, a literatura ocupa cada vez menos espaço na vida da juventude, espera-se que, o Literatas tenha o condão de promover o gosto pela leitura aos jovens.

Bucuane defende que, uma série de factores poderão fazer com que os jovens gostem da literatura - escrita, leitura e declamação. A oportunidade de privar em carne viva com os escritores dará um input nesse sentido. “Privar com os escritores poderá inspirar aos jovens, o Festival está aberto a conversa, entre escritores e o público” disse.

Em 2006, o autor de “ Kumbeza” foi convidado a participar dum festival literário internacional, no Brasil – Pernambuco - Festival sobre o Poeta. O escritor sente que, pela organização que se pretende para o Literatas, este em nada deixará a desejar comparativamente aos festivais internacionais.

Autor também de obras como “Requiem: Com os Olhos Secos”, e “Xefina e O Segredo da Alma”, Juvenal Bucuane tem a sua obra dividida entre poesia e prosa. A sua última obra foi lançada em 2015, “O Fundo Pardo das Coisas”, em poesia. Livro este que, Bucuane acredita denotar uma evolução e amadurecimento na sua obra literária. E recomenda aos amantes da literatura.

Bucuane apela ao público a afluir à Matola. Apoiar a literatura moçambicana em presença.

O escritor com pouco mais de 30 anos de carreira vê com bons olhos o estágio actual da literatura moçambicana. O surgimento de novos escritores é um indício da boa saúde da qual goza a literatura Moçambicana. Mas Bucuana lamenta o facto de esse surgimento não ser acompanhado por conselheiros, que pudessem indicar os caminhos a seguir. “Para que os jovens escrevam com qualidade, devem ser acompanhados por escritores consagrados”, acredita.

Aos mais jovens escritores aconselha a apostarem na humildade, e honestidade no que escrevem. Quando fala-se de honestidade na escrita, fala-se da verdade das obras, defende. O escritor deve escrever o que acredita. “O escritor é veiculador de conhecimento, não se pode fazer com que as pessoas leiam falsidade, sobre pena de destruir o espírito da sociedade” adverte.


Bucuane não cansa de escrever. Tem no momento vários livros na fase final. Em poesia tem dois livros quase terminados - no momento, só está a burilar, corrigindo. Em prosa tem um, em fase terminal. E tem uma trilogia abordando toda a sua carreira literária - Discursos literários. Estes estão já na revisão. Sem adiantar datas, garante que, serão todos lançados a partir do próximo ano - 2016.

domingo, 18 de outubro de 2015

CALANE DA SILVA | BIOGRAFIA


CALANE DA SILVA | BIOGRAFIA

Consagrou-se como um dos mais importantes autores da literatura moçambicana logo nos dois primeiros livros da sua carreira, Dos meninos da Malanga (1982) e Xicandarinha na lenha do mundo (1988). Contudo é autor de uma vasta obra de poesia, prosa e académicos.
Em 22 de Novembro de 2011 foi anunciado como vencedor do Prémio José Craveirinha, o maior galardão literário moçambicano, que distinguiu a sua carreira na literatura e no ensaio.
Calane da Silva é um poeta, escritor e jornalista moçambicano. Coordenou a Gazeta Artes e Letras da revista Tempo, em 1985, e foi chefe da redacção da Televisão Experimental de Moçambique, em 1987. Foi igualmente membro da direcção da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO).
Obteve o grau de mestre e de doutor em Linguística Portuguesa pela Universidade do Porto. É docente de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da Universidade Pedagógica, Presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP) e Membro do Conselho Consultivo do MIL: Movimento Internacional Lusófono. Foi director do Centro Cultural Brasil-Moçambique em Maputo.
Foi condecorado, em 2011, em Maputo, com a Comenda da Ordem de Rio Branco, pela Embaixada do Brasil, por ocasião do Dia do Diplomata.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

BRASIL CONFIRMA PRESENÇA NO FESTIVAL LITERATAS 2015

As escritoras brasileiras Rosália Diogo e Madu Costa são já uma presença certa para a primeira edição do Festival Literário da Matola, Literatas 2015.

A par das presenças confirmadas dos escritores Ungulani Ba Ka Khosa, Calane da Silva, Filimone Meigos, Sangare Okapi, Carlos Paradona, Juvenal Bucuane, Fátima Langa, Jorge Oliveira e Matiangola, o Festival Literatas, uma realização do Movimento Literário Kuphaluxa em parceria com o Conselho Municipal da Matola, com a produção da SóArte Media, tem agora confirmada a participação do Brasil que será representado pelas escritoras mineiras.

Madu Costa de Belo Horizonte, Minas Gerais é professora, pedagoga Arte educadora, escritora e contadora de histórias, esta não será a sua primeira presença em Moçambique. No Festival Literatas, para além de participar em mesas literárias, vai contar histórias e lançar o seu mais recente livro “Embolando Palavras”.

Por sua vez, Rosália Diogo, também de Belo Horizonte, já conhecida por parte do público amante das artes moçambicano, Possui graduação em Jornalismo, mestrado em Psicologia Social. É doutora em Letras/Literatura. É pós-doutora em Antropologia Social pela Universidade de Barcelona. É professora titular da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – Secretaria Municipal de Educação - SMED. Conselheira do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial. É curadora do Festival de Arte Negra/2015.   

No Literatas, Diogo vai participar em mesas literárias com escritores e artistas moçambicanos.

Neste momento a organização está a finalizar a programação que poderá se tornar pública dentro de dias antes do festival. Para já, está igualmente a encerrar a inscrição de livrarias, editoras e outras instituições interessadas em expor e vender livros no Festival.

O Festival Literatas tem lugar nos dias 23, 24 e 25 de Outubro próximos no Posto Administrativo Municipal da Machava – Sede, no recinto da estátua do Presidente Samora Machel é patrocinado pela Cooperação Suíça, Aeroportos de Moçambique e a 2M, contempla várias actividades, desde uma grande feira de livro, debates com escritores, lançamentos de livros, actividades para a infância, feira de gastronomia, instalação de pintura, oficinas de criação, teatro e recitais de música e poesia.

Até esta altura são vários os artistas confirmados, em quase todas as expressões podendo ultrapassar o número de 50 participações. O tema desta edição estreia é “memória: um museu contemporâneo” visando reflectir, de um modo geral, sobre o papel da literatura nos processos culturais, históricos e sociais.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

VEM AI O FESTIVAL DE LITERATAS 2015






O Movimento Literário Kuphaluxa em parceria com o Conselho Municipal da Matola e patrocínio dos Aeroportos de Moçambique e a 2M realizam nos dias 23, 24 e 25 de Outubro de 2015, a primeira edição do Festival Literário da Matola – LITERATAS. 

O LITERATAS 2015, produzido pela SóArte Media, terá como palco o Posto Administrativo da Machava, no Município da Matola. O evento contemplará uma grande feira de livro, debates, oficinas, encontros literários, exposições, actividades para infância, recitais de poesia, espectáculos de música, entre outras.

Na presente edição, o Festival LITERATAS, tem como tema “memória: um museu contemporâneo” visando reflectir, de um modo geral, sobre o papel da literatura nos processos culturais, históricos e sociais.

Pretende-se que o evento seja uma verdadeira festa do livro, onde os festivaleiros terão a oportunidade de convergir com as outras artes, como: pintura, cinema, dança, música e gastronomia, para além de uma área direccionada aos leitores de palmo e meio, as crianças.

O Kuphaluxa e a SóArte Media pretendem transformar a cidade da Matola, durante os três dias, na catedral das artes por intermédio do livro e da música. Num projecto que se espera seja uma tradição no circuito cultural em Moçambique, envolvendo escritores, académicos, jornalistas, estudantes, gestores culturais, leitores e o público em geral.

Espera-se, igualmente, uma audiência estimada em três mil espectadores ao longo de um evento a ser animado por cerca de cinquenta artistas das mais vastas expressões, desde escritores, poetas, artistas plásticos, animadores de leituras e a músicos. Ao mesmo tempo pouco mais de uma dezena de editoras e livrarias vão expor e vender livros a preços promocionais. Aliás, a venda do livro a preço descontado é uma das principais características do Festival LITERATAS, pois, sentimos que é importante criar motivação para que os leitores comprem mais os livros e consequentemente, leiam.